Três no Mundo

Três no Mundo
Sérgio, Jonas e Carol rumo ao Caribe e Europa

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Oi, Gente!!!
Sinto não ter colocado os diários no blog, mas os últimos dias foram muito intensos, com o lançamento do livro, os últimos preparativos para a Refeno e a chegada de nossos amigos e tripulantes Luis Pimenta, Dimitri, Sirleine, Thaís e Carolina Matosko.
Amanhã zarparemos para a Refeno e prometo colocar os diários assim que as coisas sossegarem.
Abraços para todos e, em breve, haverá muitas fotos de um dos lugares mais bonitos do Brasil: Fernando de Noronha!
Sérgio, Jonas, Carol e Travessura

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Olá, Amigos!!!
Em breve estarei colocando novidades no nosso site, mas antes vamos ao que é mais importante!
Após semanas trabalhando em nosso "projeto secreto", ele agora estará se realizando.
Amanhã, às 15:30 hs, na Fundação Altino Ventura, em Recife, estaremos lançando a versão de nosso livro "O Melhor Ano de Nossas Vidas" em Braille e Audiobook, para deficientes visuais.
Será o primeiro livro brasileiro de aventuras náuticas lançado nesses meios de comunicação!

O audiobook foi gravado por nós mesmos no último mês e a versão braille é uma edição da Fundação Altino Ventura. Todos os diretos dessas edições foram presenteados à Fundação Altino Ventura, pelo maravilhoso trabalho que realiza em todo o nordeste.

Aproveitamos o ensejo para estimular outros autores a doarem direitos de seus livros para edições específicas para deficientes visuais, como forma de integração social.

Esta iniciativa que foi feita em conjunto com Cleidson Nunes(torpedinho) e demais diretores da fundação Altino ventura e da presidente Drª Liana Ventura, os quais vêm através desta ação promover a inclusão do deficiente visual neste tipo de leitura, até então inexistente para pessoas com deficiência visual.

Nós ficamos emocionados ao fazer esta semana a visita prévia a FAV na companhia de Cleidson Nunes(torpedinho), pois ouvi da coordenadora dos estudos em braile, que é deficiente visual, o pedido de descrição das fotos do livro, pois ela mesmo já estava encantada com a história , mas precisava sentir a emoção das paisagens que tanto descrevemos no livro, compromisso este que foi firmado, em descrever em áudio e com detalhes todas as paisagens e fotografias do livro para que elas sejam compartilhadas com quem não pode vê-las.

Esta iniciativa busca também fazer com outros autores doem os direitos autorais de seu livro a FAV, para que os mesmos sejam incluídos no programa de aprendizado em braile, incentivando a leitura e escrita em braile.

Ficou estabelecido ainda que os pacientes atendidos no centro de braile da FAV poderão entrar em contato direto conosco através de skipe ou mensagem faladas, onde os mesmo poderão fazer perguntas, pedir a descrição de paisagens dos locais visitados pelo caribe e Europa, assumido os pacientes o papel de tripulantes virtuais da história desfrutando das emoções das paisagens e da viagem.

A FAV, é uma instituição sem fins lucrativos, que atende exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde em todas as especialidades da oftalmologia e multi deficiência em crianças, através do seu centro de reabilitação e do projeto menina dos olhos, a qual em mais de 23 anos de atividade, já tendo feito mais de 5.200.000 (cinco milhões e duzentos mil atendimentos), a qual faz atualmente faz mais de 1.000 atendimentos dia e realiza aproximadamente 900 cirurgias mês, alem de ser um centro de formação de pós graduação em oftalmologia e residência médica tendo formado mais de 300 médicos brasileiros e estrangeiros.

Sem esquecer que FAV também possui um banco de olhos e já fez cerca de 2.000 transplantes de córnea e mais de 10.000 cirurgias de catarata.

A fundação sobrevive de doações, voluntariado e repasses do sistema único de saúde, ajude a voce também a FAV.

Saiba mais:

Veja o depoimento de artistas sobre a FAV no youtube, como Pelé, Juca de oliveira, Aline barros, Silvério pessoa entre outros http://www.youtube.com/watch?v=K40zDFBo8KM e twitfotos http://twitfoto.org/aaaabcl


Veja a ultima edição do jornal FAV em http://www.flickr.com/photos/alinebarros/4882356763/

A fundação Altino ventura conta com apoio do Rotary internacional - veja em http://www2.brasil-rotario.com.br/revista/materias/rev970/e970_p22.htm


COMO AJUDAR A FUNDAÇÃO?

Você pode colaborar de várias maneiras através de doações, veja abaixo as opções:

1.Através do Telemarketing (81) 3221-3008 (81) 3221-3008

2.Através do Cartão de Crédito VISA (que encontra-se a disposição nos restaurantes Bonaparte dos Shoppings Recife, Tacaruna, Boa Vista, Guararapes, Plaza, Paço Alfândega e Thomas Edson, HOPE (Ilha do Leite e Rua do Progresso, dos Shoppings Recife, Plaza e Guararapes) e Hospital Esperança;


3.Adquirindo produtos da FAV (camisa, chaveiro, caneta, estojo, boné, necessaire, etc);

4.Participando dos bazares da Fundação, doando objetos em bom estado de conservação;

5.Material para Oficina de Artes: lápis de cor, papel, cadernos, jogos educativos, livros e revistas, tesouras, alicates, miçangas, tintas para tecidos, etc.;

6.Bolsa de Alimento: alimentos não perecíveis, leite em pó e suplementos alimentares, farinha láctea, aveias, etc.;

7.Medicamentos, Óculos, cadeiras de rodas, aparelhos auditivos, materiais sensoriais e demais itens para pessoas especiais

8.Tornando-se voluntário desta Instituição.

ACESSE: www.fundacaoaltinoventura.org.br


Abraços a todos e, em breve, atualizarei o nosso blog;
Sérgio, Jonas e Carol

terça-feira, 14 de setembro de 2010

De 13/09/2010 – Travessia Salvador - Recife
A madrugada também foi de bastante vento e com o barco andando muito! Nosso horário de chegada diminuía sempre. O Travessura velejada como um monotipo, com o vento em través. O Maurício entrou no turno e diminuímos um pouco a genoa, fazendo o barco ficar mais estável, sem perder velocidade. Barcos de pesca começaram a aparecer, pois aterrávamos e a profundidade diminuía. Outro dia lindo se anunciava.
Amanheceu quando estávamos já perto de Recife. Vi a tábua de marés e chegaríamos com maré alta. Que sorte! Só se pode entrar no Cabanga com o nosso calado com maré bem alta.
Chegamos na entrada do porto, passamos o molhe de proteção, entramos e o mar alisou. Contactamos o Torpedinho, nosso amigão de Recife, e o Cabanga Iate Clube, melhor clube de Recife. Logo entramos no canal balizado pelo clube para a Refeno e nos aproximamos do Cabanga. Uma belíssima vaga, na frente da piscina e banheiros, nos esperava. Chegáramos! E como é bom chegar!!! Ainda mais num lugar e com um povo que sempre nos recebeu muito bem!
Foi uma travessia com características bem diferentes: 30 horas difíceis e 40 horas de boas a maravilhosas! Em 70 horas de travessia, usamos três horas o motor e velejamos 67 horas! Acho que foi o prêmio por tantas horas motorando até Abrolhos, no começo de nossa viagem.
A primeira coisa que fizemos foi tomar um bom café da manhã no cockpit, curtindo o visual do lugar. Depois descemos e fomos descansar na piscina. O Jonas desceu com o violão e conseguiu tirar duas músicas que estava treinando. Cervejas e cachaças não faltaram. Algum tempo depois, tivemos a visita do Torpedinho, que veio almoçar conosco. Algumas mudanças aconteceram no Cabanga. Dona Lindalva, que tinha um pequeno quiosque de salgadinhos atrás do Palhoção, está com um espaço muito legal agora, inclusive com várias mesas, fazendo almoços. Almoçamos lá, tomando cocos, cervejas e cachaças, contando as histórias da viagem e combinando algumas coisas boas que deverão acontecer em breve. Os “adolas” só ficaram decepcionados porque tiraram o toboágua da piscina grande, pois vieram loucos para usá-lo.
Vimos duas coisas interessantes: o Cabanga é cheio de garças! Elas ficam em todos os lugares e sempre vão dormir nas árvores do mangue ao lado do clube. Parece um “pé de garças”!!! Outra foi um rapaz que passou remando ao nosso lado. Só que o “barco” dele era uma placa de madeira e seu remo um pedaço de caibro! Com tudo se navega por aqui, como já disseram, “onde o Beberibe e o Capiberibe se juntam para formar o mar”! (vejam as fotos)
À tarde, Jonas e Carol pegaram os livros para começar a estudar. Dei entrada no clube, fui resolver algumas pendências na internet, tudo rapidamente, pois pretendíamos ir jantar no Carneiros, um restaurante que o Torpedinho recomendou.
Pegamos um táxi e fomos para lá, após todas as obrigações terem sido cumpridas e um bom banho ter sido tomado. Torpedinho apareceu para comer conosco e também foi para lá a tripulação do Guga Buy.
A especialidade do local é carne de carneiro e bode. Experimentamos as duas, grelhadas, e estavam ótimas! Comidas com macaxeira (mandioca) frita, melhor ainda!
Acho que agora posso falar sobre comida impunemente! Recebi alguns e-mail's do sempre engraçado amigo Casali, de Ilhabela, brincando comigo perguntando se “viemos aqui para comer ou para velejar”. O último, tomo a liberdade de transcrever:

“Oi vcs 3 ,
Tudo bom ? Claro que sim né...
Cada vez que entro no blog de vcs (além da inveja...) me dá uma puta fome...
Mariscadas, moquecas de polvo, caranguejos, cachaças variadas , whisky , macarrão com atum , arrumadinhos, escondidinhos, etc...
Agora só vou ler o blog no mínimo perto da hora do almoço, ou do jantar ...
Afinal, quando vcs vão velejar ???
Bjs a todos, E. Casali”


Oi, Casali! Depois desta última velejada, acho que estamos no crédito para comer “um pouco” mais, não acha?! Abraços grandes para você e todo o pessoal da Ilha. Diga que estamos com saudades, mas não queremos voltar ainda! Quando voltarmos, vamos cozinhar algumas coisas gostosas no barco e tomar “algumas coisas” etílicas, contando histórias!
A velejada foi maravilhosa e chegar em Recife no meio dos amigos, melhor ainda. Ganhamos mais experiência, mais confiança no Travessura e transformamos um casal de amigos em irmãos do mar: Maurício e Tânia, obrigado por terem vindo conosco!

















































De 12/09/2010 – Travessia Salvador - Recife
Após a noite estrelada, o dia começou com o céu mais limpo. Alguns pirajás ainda entravam, mas menos fortes e com menos chuva.
Tomamos café da manhã, tomamos banhos de água doce no banheiro do barco. Aliás, como esse banho foi bom, depois de dois dias navegando e dormindo com a roupa de tempo e o cinto de segurança, pois precisávamos estar preparados para sair a qualquer momento. O sol voltou a brilhar forte e a alegria de navegar se encontrava presente.
Aí veio a surpresa do Maurício: se propôs a fazer o almoço, pois trouxera uma carne seca e a fez com cebolas. Que delícia!!! O ânimo se elevava cada vez mais. Aprendi a fazê-la e será uma das comidas de bordo do Travessura. Agora iremos esperar ansiosamente o livro de receitas para barcos que o Maurício está preparando!
Tudo ótimo, todos animados, então era hora de arrumar nossos problemas. Resolvemos levantar a mestra e, para isso, precisávamos fazer o segundo rizo. Passamos o cabo do primeiro rizo, não sem algumas dificuldades, pois o barco balançava e a retranca é alta, no olhal do segundo e o caçamos. Liberamos a adriça da mestra, que ficara presa pelo amantilho da retranca e, assim, rizo feito e adriça arrumada, a vela foi para cima no segundo rizo. O barco imediatamente começou a andar mais rápido e mais estável.
Vi que o cabo do enrolador raspou na panela do enrolador e a capa estava estragada num pedaço, podendo travar o cabo na roldana ou parti-lo. Com a ajuda do Jonas, costurei a capa do cabo no lugar novamente, impedindo assim que se travasse.
A velejada voltava a ser de mais velocidade, mas agora muito agradável, pois o mar baixara muito. Tânia melhorou e saiu para o cockpit, podendo aproveitar o sol, o entardecer e o começo da noite, vendo as estrelas com o Maurício no cockpit. Esse casal é “dez” e muito carinhosos um com o outro!
Durante a noite, o vento foi mais forte e a velejada alucinante!












De 11/09/2010 – Travessia Salvador - Recife
A noite foi de muito vento e mar. Fica difícil dizer quanto vento tinha sem os instrumentos, mas acho que as rajadas chegavam a 35 nós algumas vezes. Mas os turnos estavam sendo bem feitos, apesar do Maurício estar cansado, pois também tinha que ser enfermeiro da Tânia. Ele quase não dormiu à noite.
Amanheceu e pudemos ver melhor o mar. As ondas estavam muito altas e algumas eram mais altas do que a targa, quando vinham por trás. O vento continuava muito forte e estourou o cabo do rizo da mestra, que roçara em alguma coisa. Abaixamos a vela mestra e abrimos um pouco mais de genoa, continuando andando sem perder velocidade e com o barco mais à mão. Isso também acabou com o problema de um jibe involuntário, caso o piloto falhasse. Uma hora o vento apertou mais e rizamos a mestra até ficar com um metro dela aberto. Dessa forma, ainda velejávamos de 7 a 8 nós de velocidade e chegamos em picos de 9,5 nós!!!
Não podíamos esquentar o almoço que eu fiz antes da saída, então comíamos só frutas e bolachas.
Vento continuou muito forte mais da metade do dia. Tânia continuava passando mal e Carol sem poder fazer turnos. Até o Jonas vomitou depois que comeu um chocolate! Isso é raro!!!
Dois bujões de diesel foram arrancados pela água do lugar onde estavam amarrados, a sotavento. Deu o maior trabalho para subi-los novamente, pois foram para o mar. Sorte que estavam com um segundo cabo amarrado, que os segurou até eu poder icá-los. Nossa faixa lateral foi arrancada pela água que toda hora lavava o corredor de sotavento.
Foram 30 horas de muito vento e muito mar. Andamos quase 200 milhas nessas 30 horas, mas, felizmente, aos poucos tudo foi melhorando.
O final da tarde foi melhor e à noite o vento vento aliviou um pouco. O mar foi baixando aos pouquinhos e deixamos menos pano para descansar. Assim, o barco jogava menos e descansar ficar melhor. À noite, o Maurício viu o céu começar a se abrir e previu melhora das condições. Consegui esquentar a comida e isso fez muito bem à moral da tripulação. Acho que nunca um ensopado de frango foi tão saboreado por alguém!
Com o céu estrelado e uma lua crescendo, continuamos velejando, agora com prazer. A velocidade caira muito, mas o cansaço estava grande.
A famosa cena da “lua e estrela” apareceu no céu. Contei para os “adolas” como isso era um símbolo dos anos 70 e que Caetano Veloso fez uma música com esse tema. Rolou altos papos com o Maurício, Jonas e Carol no convés do Travessura. A Carol melhorara e começava a ajudar, fazendo com que pudéssemos dormir mais.
De 10/09/2010 – Travessia Salvador - Recife
O dia começou corrido. Primeiro, arrumações do barco para a travessia, que não são poucas, ainda mais depois que ficamos muito tempo parados num lugar. Temos muitas coisas para amarrar e guardar para não caírem. O Hugo e a recém-operada Catarina apareceram para se despedir de nós. Que bom vê-la bem e andando! Havia ficado preocupado com ela ontem, quando soubemos que voltara ao hospital. A tarefa seguinte foi ir até o correio para enviar o material do Jonas e Carol para o colégio. Na volta, encontramos a Patrícia, que também passou para se despedir. Esses são os problemas de viajar: as partidas e suas despedidas, de pessoas que queremos bem e que sabemos que ficaremos muito tempo sem ver. Anteriormente, já havíamos nos despedido do Carlão e da família Hagge. Todas as despedidas feitas com um nó na garganta.
Um pouco depois das dez da manhã, embarcamos o casal de amigos Maurício Rosa e Tânia, do veleiro Alphorria, que fariam o trecho até Recife conosco. Logo, com todos trabalhando, fomos soltando as amarras e saindo do píer, recebendo os “até breve e boa travessia” dos vários amigos que também preparavam seus barcos para sair. Estavam previstos 17 barcos do Costa Leste para a travessia se iniciando hoje, além de nós.
Afastamos do píer, levantamos o bote na targa, içamos a vela mestra e deixamos o forte São Marcelo, o “umbigo da Bahia” para trás. O mar já se apresentava alto logo após o quebra-mar e já imaginava o mar grosso que devia estar na barra. Com o motor, para sairmos logo, pois eu queria sair no estofo da baixa-mar, para não pegar o mar mais mexido ainda, seguimos em direção ao farol da Barra. O vento estava na cara.
Depois de uma hora, deixamos o farol para trás, passando entre o perigoso banco de Santo Antonio e a praia, com o mar bem mexido. Deixamos para trás um veleiro que havia saído antes de nós e que seguia sem a vela, balançando muito. Nessas horas, o melhor é estar com a vela mestra em cima, pois ela estabiliza bastante o balanço do barco.
Assim que nos afastamos da costa e pudemos arribar um pouco, abrimos a genoa e começamos a velejar muito bem. A travessia prometia ventos até Recife, quatrocentas milhas à nossa proa.
Depois de umas duas ou três horas velejando, o vento começou a apertar mais e o mar cresceu. As ondas batiam no costado e molhavam quem estava fora do dog house. Lázaro, o piloto ressuscitado, levava bem o barco, mesmo com as ondas de lado. Começamos a escutar no rádio alguns veleiros do Costa Leste dizendo que voltariam, pois as condições não eram boas e a previsão falhara. Realmente, o vento e o mar estavam bem acima do que a previsão prometia. Dos 17 nós prometidos, o vento real variava entre 22 e 25 nós. Nas rajadas, era ainda mais forte. Mas sua direção era muito boa, proporcionando uma velejada de través. Estávamos com a mestra no segundo rizo e a genoa um pouco enrolada.
Conforme o tempo foi passando, o vento foi apertando mais e enrolamos mais a genoa. A tarde e o começo de noite foi passado assim: vendo a costa da Bahia correndo rápida no nosso través, com as ondas molhando o cockpit a toda hora.
Da tripulação, a Carol havia ido dormir, para não enjoar. A Tânia passava mal e a labirinte a atacara. Maurício, um ótimo velejador, eu e o Jonas estávamos bem e nos revezando nos turnos, que fazíamos sob o dog-house, pois Lázaro estava trabalhando muito bem, o que nos proporcionava um certo conforto. Só tínhamos que ficar ajustando as velas, o que não era fácil, pois a toda hora entravam rajadas. Imagine-se velejando, num lugar onde entram cerca de 3 a 4 pirajás por hora. E cada pirajá dura uns 15 minutos! Era assim que estava. A noite prometia ser longa, mas andávamos muito bem, apesar do mar e vento duros.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

De 13/09/2010 – Recife
Para tranquilizar os amigos que viram as duras condições de saída de Salvador, resolvi mudar um pouco o formato que estava mantendo do blog e avisá-los logo que chegamos bem em Recife. Após 30 horas de uma velejada “punk” e mais 40 horas de uma velejada fantástica, que nos fez matar saudades do vento maravilhoso do nordeste, cá estamos já nos preparando para a Refeno. Oba!!!
Assim que possível, vou colocar os relatos da travessia no formato de diários. Abraços para todos!!!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

De 09/09/2010 – Salvador
Muito estudo dos “adolas” também hoje. Foi o dia inteiro estudando e finalizando o material para mandar para o colégio.
Ficamos contentes, pois teremos companhia para a travessia para Recife: o Maurício e Tânia resolveram ir conosco até lá. Passei o dia na arrumação das coisas do barco e tive uma boa notícia da Anatel: nossa licença de estação-rádio ficou pronta. O Carlão passou pela marina e me deu uma carona até a Anatel. Aproveitamos para papear e despedir. Na Anatel, recebi a licença das mãos do eficiente e gentil Marcelo Lago e acabei com minhas pendências para a Refeno. Em menos de uma semana, com vários pagamentos a serem feitos e tendo que esperar para que chegasse a confirmação bancária de todos, tudo estava pronto.
Na marina, soube por dois velejadores, que usaram despachantes para “tentar” tirar as licenças em São Paulo e Rio, que faz meses que eles estão esperando as licenças e ainda não as receberam. Só estão com os protocolos nas mãos! Ponto positivíssimo para a Anatel de Salvador e seus funcionários!!! Foram eficientes em 2006 e agora repetiram a dose.
Amanhã cedo seguiremos para Recife. A Refeno está chegando!!! Pimenta e família Matosko, preparem-se!
De 08/09/2010 – Salvador
Todos voltaram aos trabalhos!
Eu fui atrás de pequenas coisas que precisamos no barco e os “adolas” voltaram aos estudos. Hoje é dia de tirar o atraso do feriadão!
No meio da tarde, conhecemos o pessoal do Bicho Preguiça, veleiro de São Paulo que fica em Bracuhy. Conversamos um pouco e logo fizemos amizade.
Como nem tudo é trabalho na vida de um velejador (ok, vocês devem estar me xingando por essa, não?!), no comecinho da noite fomos comer “arrumadinhos” e “escondidinhos” (não pensem besteira! - esses são os nomes dos pratos!!!) perto do Pelourinho, com as tripulações do Alphorria e do Bicho Preguiça. Claro, antes passamos na cachaçaria Cravinho, “mundialmente” famosa (como diz o Jonas), para experimentar cachaças de gengibre, canela e jabuticaba. Óóótimas!!!
De 07/09/2010 – Salvador
Hoje foi aniversário da Tânia. Houve desfile militar, fogos e muita festa, tendo sido, também, decretado feriado nacional. A fato de ser hoje, também, o aniversário da Independência do Brasil é mera coincidência. O Maurício fez uma bela festa para ela, com churrasco e os caranguejos pescados ontem. Muitos velejadores estiveram presentes e nos surpreendemos com o Ernesto, do veleiro argentino “Aventurero”, que nos brindou com música argentina da melhor qualidade. Ele toca muito bem e canta como profissional. O Carlão, do Fandango San apareceu e ficou conosco, batendo papo e conhecendo a galera dos viajantes. Ele sonha em fazer algo semelhante com a Sandra em breve. Tomara que não demore!
O ponto negativo do dia foi a despedida do Victor. Como há aula amanhã, ele teve que ir embora. Todos ficamos sentindo falta dele, que se enturmou muito bem na tripulação e no meio dos velejadores de cruzeiro (ele fez várias amizades na festa da Tânia!).
De 06/09/2010 – Travessia Aratu - Salvador
Os Hagge permitiram que o Victor perdesse as aulas de hoje para ficar conosco mais um pouco. Que bom! Eles se entendem super-bem e é ótimo vê-los juntos.
Fizemos o abastecimento de diesel após o café da manhã e nos preparamos para seguir para Salvador. Ainda encontramos com o Carlão e o fotogênico Loro, que não resistiu e resolveu aparecer nas fotos. No canal de Araru encontramos com um dos saveiros, velejando canal adentro elegantemente. A ida para a capital foi com vento contra, fazendo com que motorássemos o tempo todo até lá.
Logo que chegamos, começamos a encontrar os amigos, que não víamos há algum tempo. Vail, do Mony, nos ajudou a encostar e depois veio tomar um whisky comigo. Convidamo-lo para almoçar e eu fiz o sempre preferido de todos velejadores “macarrão com atum”. Faz tempo que não o fazíamos! Pena que o encontro foi curto, pois ele e o Guga Buy, com sua tripulação já estavam de saída. A “Andréa Tô Chegando” apareceu, pois iria com o Vail na travessia. Brincamos que ela virou “Andréa Tô Saindo” e rimos muito!
Patrícia passou para nos pegar e levar para passear por Salvador. Mostrou-nos alguns lugares que ainda não conhecíamos, principalmente o Teatro Vila Velha, que fica numa pracinha muito tranquila, no centro de Salvador. Ela queria nos mostrar um projeto social parecido com o Pés no Chão de Ilhabela, mas, infelizmente, estava fechado. Passamos na casa dela, conhecemos sua família e acabamos o passeio na sorveteria da Ribeira, onde jantamos pastéis com sorvetes.
O Jonas e a Carol ainda foram catar caranguejos no píer com o Rafinha, do Flyer. Pegaram um monte deles! Enquanto isso, o Maurício e eu ficamos conversando no Travessura, experimentando algumas cachaças que eu tinha no barco (mais experimentando que conversando!!!).


De 05/09/2010 – Aratu
Obaaa!!! Dia de passeio! Os Hagge nos convidaram para ir até Arembepe e Jacuípe, belíssimas praias ao norte de Salvador. Eles nos pegaram de manhã e seguimos para lá. Chegamos em Arembepe na hora do almoço e fomos diretamente a um excelente restaurante na frente do mar, que estava agitado, proporcionando belas paisagens das ondas batendo nos recifes, que protegem a praia. O lugar é lindo e nos lembrou muito a praia do forte. Fizemos o pedido e aproveitamos para tomar um banho de mar enquanto eles preparavam os pratos. Comemos uma mariscada e uma moqueca de polvo deliciosas!
Depois seguimos para Jacuípe, onde os pais do Antonio Carlos, cunhado dos Hagge, têm casa. O lugar é paradisíaco! Logo que chegamos, o Antonio Carlos colocou a lancha na água e nos levou pelo rio Jacuípe até a foz do rio. Nela, forma-se uma praia belíssima e com pouca gente, pois só quem tem barco atravessa para ela. É a típica praia nordestina, cheia de coqueiros, com arrecifes na frente e maravilhosa! Nos banhamos no rio e passeamos na praia, que tem um visual fantástico.
Na volta, o Antonio Carlos subiu um pouco o rio, que tem 60 km de comprimento, e vimos muitas pessoas pescando nas margem com caiaques, provavelmente a procura de robalos.
Retornando para Aratu, ligamos para o amigo Pimenta de Ilhabela, que nos comunicou que a Carol pegou o segundo lugar no concurso de poesias da cidade. O Jonas ficou “só” com uma menção honrosa desta vez! (rsrsrs).
Abaixo, os poemas dos dois e fotos dos passeios.

V (Carolina Muro Gomes - 06/2010)

Vivo veloz
Voando
Vendo verdades
Vendo vaidades
Vou

Vou vagando
Vou vivendo
Vou visando
Verdes vales
Vou

Vou viajando
Vivo vício vazio
Vou virando vinhos
Vadiando

Vou valsando
Vedando vastidão
Vivo vazia
Voando.

Poeminha In Natura (Jonas Muro Gomes 06/2010)

Aquele que porventura não enxerga,
Não vê o acalmar da natureza,
Se oprime na rotina da cidade
Tem noção comercial do que é beleza.

As Serras de Queirós estavam certas
Da crua natureza da verdade:
O homem ao seguir tão tortas retas,
Esqueceu-se d’onde achar felicidade.































































































































domingo, 5 de setembro de 2010

De 29/08/2010 a 04/09/2010 – Aratu
Como estivemos com o barco fora da água e as novidades são poucas, resolvi fazer um “resumão” das principais coisas da semana.
Nos viramos como pudemos esta semana, morando em nosso “apartamento” de primeiro andar sem elevador, sem rede de esgoto e sem água corrente. Tudo que era necessário e que tinha a ver com água, tínhamos que descer e ir até uma pia ou banheiro.
Por outro lado, conseguimos fazer as coisas no barco que precisávamos, entre elas, encerrar a pintura de fundo com as tintas WEG, que ficou muito boa. Obrigado Fan, Zirtec e WEG!!! O barco ficou pronto no dia primeiro, mas não havia maré para descê-lo. Dessa forma, só pôde ir para a água hoje, dia 4 de setembro.
O Jonas e a Carol aproveitaram uns dias da hospitalidade do veleiro Delirante e sua tripulação (obrigado, Simone, Grubba, Raquel e Rafael!!!) e, quando voltaram, adiantaram muito o estudo. Já falta pouco para acabarem os módulos do bimestre. Eu trabalhei bastante no meu “projeto secreto” e só falta um terço para acabá-lo.
Tivemos alguns prazeres nesta semana de trabalho. Entre eles a visita da Sandra e do Carlão, que assinaram nosso livro de visitas finalmente e nos presentearam com lindos calções de banho e biquinis da Coco Doce, empresa da Sandra, que os fabrica e exporta.
Durante a semana, fomos visitar o André Hagge na casa dele, pois fez uma cirurgia e estava em recuperação. Para isso, aproveitamos a carona que o Carlão nos deu, quando tivemos que fazer a licença do nosso rádio na Anatel, obrigatória para a Refeno. Foi fácil e rápido de fazê-la, graças ao bom atendimento do Marcelo, que já havia nos atendido em 2006, para tirar a licença do Fandango.
Ontem também tivemos a alegria da visita da família Hagge aqui na marina e o Victor ficou conosco para passar estes dias de final de semana e feriado. O Carlão também estava por aqui arrumando seu barco, e, como não é só de trabalho que vive o homem, ontem à noite ele veio tomar um lanche conosco, à base de vinhos, queijos, a deliciosa sardinha do Morcegão, que está cada vez mais gostosa, e pimenta do Márcio (o Carlão já é praticamente um baiano nesse ítem!!!). Foi uma noite gostosa e memorável, queimando a língua com a pimenta e filosofando com os “adolas” no cockpit do Travessura. Só não foi melhor porque faltou o balanço do mar e fiquei preocupado quando o Carlão foi descer a escada vertical depois de algumas taças de vinho. Mas desceu bem e inteiro!
Hoje tivemos o prazer de ver o Travessura voltar ao mar, seu meio, e a noite será bem dormida, com o balancinho gostoso que sentimos falta.
À noite, fomos à festa de entrega de prêmios da regata Aratu-Maragogipe. Lá encontramos muitos dos amigos que estão participando do Cruzeiro Costa Leste e nos divertimos bastante.
Que bom! Tudo está voltando à deliciosa normalidade!